quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Lotação Esgotada e Depressões.

Aposto que há alguns de vocês a quem calha a profissão "psicólogo nas horas vagas", que é como quem diz: onde a maior parte dos amigos vem desabafar. E aposto que também são óptimos conselheiros no assunto relações amorosas e estão solteiros. Mas isso hoje não interessa nada.

Claro que isto mete sempre depressiv@s à mistura. Uma pessoa atura, atura, atura, aconselha, sopra, revira os olhos, atura... São amigos, lá está! É para isso que servem, certo? Certo. Uma pessoa quer ajudar.

Mas há situações em que a pessoa amiga é a mais importante do mundo e está num estado que não percebe nada do que estamos a dizer. Acompanhamos durante anos a pessoa a enterrar-se, a meter-se num buraco cada vez mais fundo, tentamos segurar, mas a pessoa já não quer. Já quis e tem razão para estar onde está. Mas com muito tempo a passar começa a distorcer as coisas, tanto para um lado como para outro. Vê num conselho, numa chamada de atenção uma frase implicativa; vê numa pergunta um ataque e assim sucessivamente, concluindo para si que está tudo contra, quando estão braços a ser esticados para ajudar.

Ora, quando isto se passa durante tempo demais, o cansaço dá sinais de si. Para o lado da pessoa depressiva, para o lado de quem tenta "salvar". E o que é que uma pessoa faz nestas situações? deixa que a outra pessoa se afunde e deixa assim de ouvir ofensas? Deixa afundar mais uma situação que parece estar no limite e que pode ter consequências piores? Deixa? Deixa-se porque não sou eu e sigo a minha vida? Ignora-se, mesmo quando se trata de um pilar da tua vida?

Não é fácil ajudar uma pessoa que está na merda e está acomodada a isso. E não quer sair. Mesmo com todas as tentativas que já fora feitas, tipo tudo.
A lotação está esgotada, o ponto de ebulição está atingido, a partir daqui é só merda. Da grossa.

9 comentários:

  1. Vais desistir de ajudar?
    Mais valia não teres começado...

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    1. Acho que não é por aí...se estás a ajudar há anos e não querem ser ajudados...Milagres não há.Senão daqui a pouco é a outra pessoa q precisa de acompanhamento!

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  2. E só agora é que reparaste que a pessoa não queria ser ajudada?

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    1. Não. Agora é que estou a chegar ao limite. Só isso, porque ja reparei há muito tempo e não desisti na mesma ;)

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  3. Quando vivemos num inferno interior durante muito tempo, habituamo-nos a esse inferno...e de repente é a única realidade que conhecemos. Deixamos de saber distinguir corretamente as coisas. Não creio que seja o caso da pessoa não querer ser ajudada, mas antes de deixar de saber como aceitar ajuda. Não desistas, ainda que te custe. Há-de haver um dia...em que a pessoa vai ter capacidade emocional suficiente para ouvir e perceber que basta deixar-se cair no colo de quem quer ajudar! Beijinho e ânimo, Nunes!

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    1. Exacto, concordo totalmente. Essa parte do inferno e acomodar e deixar de distinguir. É exactamente isso que se passa, é mesmo. Já n estou de acordo e nem acredito q algum dia mude...

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  4. Conheço a sensação, não é uma posição fácil.
    A conclusão a que já cheguei, numa situação semelhante, é que por vezes estamos demasiado próximos. Pensamos que estamos a ajudar, mas estamos a alimentar uma espécie de dependência, de ter sempre alguém ali ao lado a encorajar.
    Ainda assim, por muito cansada que esteja da situação, não consigo desistir...

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  5. Nós ouvimos, nós aconselhamos, nós limpamos as lágrimas e arracancamos sorrisos.. Mas quando já fizemos tudo, quando já dissemos tudo e quando já nso sabemos mais como ajudar, a verdade é que nos sentimos mesmo a enlouquecer um bocadinho! Eu falo por mim.. E o pior mesmo é quando tento explicar que não há volta a dar é ainda ouço "tas a agoirar para quê?"...

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  6. Li o primeiro parágrafo (na mouche!) e agora vou sair de fininho...

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