segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Pedinchice e Desprezo.

La la la, la la la...Jingóbeles...com esta música não ficaram já com imensa vontade de ajudar pobrezinhos da Comporta e os sem-abrigos Eu sei que sim! Shiuuuuu, calou que eu sei que sim. Já tudo a deixar de ler isto a meio e a correr para o pobrezinho mais próximo para lhe darem o vosso casaco Vuitton.

Até porque esta altura - que só pode ser mágica- tem uma influência súbita nos valores das pessoas e já escrevi algures num ano anterior sobre isso: é bom que mais gente se preocupe com as pessoas carenciadas, pena que seja só este mês. Mas os coitadinhos sobre os quais me vou debruçar- não muito, senão tenho de dar dinheiro - são os promotores. Estão a ver aquela malta do Barclays que estão em todo o lado a impingir cartões, cartanitos e uma interminável lista de vantagens, de quem toda a gente, relativamente sã, foge?

É desses e de todos do género que inundam as ruas de Lisboa e ainda mais nesta altura: é para ajudar o tsunami, é para ajudar as criancinhas, os toxicodependentes, os canitos, os velhotes, para comprar poesia naif, para dar um peido com molho...tudo; e quando escrevi coitadinhos não estava a ser irónico. Minimamente, até porque acredito que pessoas que estejam a tentar angariar dinheiro para causas na sua maioritariamente humanas, sem receber ou receber muito pouco ordenado ao fim do mês, parace-me de gente séria.

Mas o que me faz achar coitadinhos é mesmo o nosso desprezo. Sim, nosso. Também falo por mim. Assim que vejo alguém aproximar, mudo para o outro lado para não estar sempre a dizer que não. Eu e 97% das pessoas fazemos isso. Não que sejamos todos maus, mas porra, cansa! E eu acho-os uns corajosos, a sério. Aquilo deita abaixo qualquer réstia de auto-estima. Eu já fui daqueles moços que estão a borrifar perfumes à porta das perfumarias e não é bom. Mesmo nada.

Acho que já estamos tão formatados, que se víssemos um promotor/voluntário a aproximar, mesmo que ele dissesse:" é para lhe o dar 5 mil euros só porque me apetece", nós responderíamos não da mesma forma.

Viva o espírito de Natal, YAY!!


Obs: se já ajudei alguma vez estas pessoas? Ajudei, mas não foi dinheiro nem para crianças nem para toxicodependentes, foi para canis. Continuam a ser a minha prioridade, desculpem lá qualquer coisinha.

4 comentários:

  1. Caraças que tu pensas exatamente como eu. Quando ajudo é sempre para os animais desfavorecidos. Faz me muita pena, especialmente no inverno saber que estão pelas ruas cheios de frio. Parte o coração. Ajuda com muito maia vontade os animais que aa pessoas! Pode chocar alguns mas é a verdade!

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  2. Eu não tenho pena nenhuma, porque nem são bons para eles próprios. Dou-te o exemplo: há mais de 3 meses que os senhores da Lâmpada Mágica estão todos os dias (e quando eu digo todos é mesmo TODOS) à porta do Vasco da Gama. Ora quem trabalha nas proximidades vão lá muitas vezes, e todos as vezes que vão têm que dizer "deslarguem-me" aos senhores. Pergunta: porquê 3 meses no mesmo sitio? Porque não vão 1 semana para o Vasco, outra para o Colombo, outra para a Baixa, etc? É que 3 meses a falar todos os dias com as mesmas pessoas? Quem já deu não vai dar outra vez, e quem ainda não deu nas primeiras 4 vezes... não vai dar na trigésima sexta!


    À parte disso, todas as empresas (daquelas grandes) ao longo do ano têm nos seus planos de responsabilidade social ajudas a instituições de caridade, e essas instituições têm pessoas responsáveis pela angariação de fundos. Os canis e associações de apoio aos animais não têm! Têm pessoas que se concentram em salvar cães da rua ou em situações de maus tratos (porque para um sem abrigo basta ligar para o 112, para um animal tem que se ligar para a Policia, depois GNR, etc, etc até alguém decidir deixar ir salvar o animal), a levá-los aos veterinários e em angariar dinheiro para pagar as contas dos vets ou simplesmente a tirar cães dos canis de abate (aqueles em que se um cão estiver lá mais de uma semana vai à vida). Conheço pessoas que já leiloaram bens próprios para conseguir dinheiro para sacas de comida. Tudo isto enquanto também têm que se concentrar em projetos para alteração da legislação vigente. Por isso sim, prefiro também ajudar os animais a ajudar os desfavorecidos. Desculpem lá!

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